O Ano do MBA.
Comecei um MBA em 2017 em Gestão Escolar. Comecei o MBA porque estava há muito tempo sem estudar e estava desesperançosa em conseguir um mestrado.
A minha vontade de estudar era muita, mas começou errado e eu devia saber que me daria dor de cabeça.
Em julho desse ano comecei a escrever minha monografia de final de curso. Pensei a ideia e escrevi tudo em 15 dias… Sem ter orientador, apenas minha amiga professora doutora que queria ler o que eu escrevia.
Nesse processo, tive duas orientadoras e muitas dores de cabeça. Conforme foi chegando a data de fazer as provas e defender, fui ficando cada vez mais tensa. A equipe do MBA USP Esalq fez tudo o que foi possível para me ajudar, mas tudo dependia de mim.
Em 14 de dezembro, cheguei na Esalq. Eu tremia e rememorava tudo o que eu tinha estudado, nem pude curtir o campus lindo que é o de Piracicaba. Avisei minha mãe que tinha chegado e me dirigi para área do credenciamento. Não tirei foto, não fiz check in no Facebook… Queria que fosse como um “band aid” que fosse tirado rápido e aliviasse a dor. Cheguei na área da prova e quando fui me credenciar, a moça pegou meu RG e disse “- Ah, a Patrícia Andréa Borges!”. Eu entendi. Parece que eu era conhecida. Ela terminou de me credenciar e saiu, deixando um espaço vago na área de credenciamento da prova. Fiquei mais nervosa.
Cheguei à sala de avaliação e tudo dependia de mim, só de mim. Eu tinha estudado e não queria esquecer nada. Bateu o desespero e eu estava com medo de não ir bem. Não queria que ficasse uma má impressão de quem tinha uma nota maravilhosa ao longo do curso. Fiquei com nove na primeira prova e dez na segunda. Nove e meio na qualificação. Agora era a hora da defesa.
Eu não conseguia comer nada, meu estômago doía. Encontrei uma professora amiga que me aconselhou que eu ficasse calma. Fui ao banheiro e me confundi na saída… Encontrei outro professor grande professor da USP com quem fiz dois cursos… Ele me acalmou e eu disse “Que bom ver um rosto amigo” e me dirigi para minha sala de defesa.
Parei na frente da sala e mentalizei que tudo daria certo, que eu estava preparada e tinha estudado muito a minha monografia, o meu texto. Entrei na sala e estava muito nervosa, não consegui colocar a caneta de mudar slides e o professor perguntou se eu estava sozinha aí comecei a chorar: sim, eu estava sozinha porque ninguém tinha ido comigo, porque tive problemas de saúde na família, porque tinha escrito tudo sozinha. Sim, eu estava sozinha. Sempre sozinha.
Terminou a apresentação e comecei a ouvir a banca. Foram tantos elogios, tantas coisas boas que meu corpo se desligou. Ouvi da professora que meu objeto tinha sido muito bem delineado, que minha escrita era incrivelmente boa e generosa com o leitor porque eu não deixava nenhuma questão levantada sem uma resposta. Eu era boa, eu escrevia bem e tinha feito tudo certo naquele trabalho. Fui aprovada com nota 10, sem alteração no texto escrito, sem acrescentar e nem tirar nada. O texto estava ótimo. O professor me deu duas sugestões que não precisavam ser acrescentadas no trabalho se eu não quisesse, porque meu texto estava ótimo, mas se eu quisesse complementar com as sugestões, ficaria bom também.
Saí de lá como se estivesse nas nuvens, como se flutuasse. Eu não sentia nada, eu nem estava lá. Parei para tomar um suco e encontrei a professora da minha banca e ela sorriu para mim. Não tirei fotos, eu só queria ir embora de tudo. Eu só queria sumir.
De Piracicaba para São Carlos daria mais ou menos uma hora e meia. Levei quase duas e meia porque precisei parar por causa de cãibras. Tive tantas que precisei parar porque não conseguia dirigir mesmo.
Toda tensão tinha acabado. Tudo tinha acabado. Finalmente tudo tinha acabado.
2018 acabou e eu sobrevivi.