Dicas e Histórias de uma viagem para Grécia

Com muita perseverança, consegui realizar o sonho de conhecer a Grécia!

Eu queria fazer um vídeo de dicas de como programar uma viagem internacional, mas não consegui. Por isso, estou escrevendo esse texto.

Primeiramente, quando se é assalariado, é preciso programar bem a viagem que se quer fazer, onde se quer ir e como você quer viajar. Penso essa viagem desde minha graduação (que fiz em Grego Antigo pela USP) e, principalmente, depois que comecei a fazer aulas de grego moderno (νέα ελληνικά γλώσσα). Quando eu finalmente poderia pensar em fazer um intercâmbio pela Universidade de Atenas ou Universidade Tessalônica, o governo grego cancelou todas as bolsas de intercâmbio (2010) e eu perdi a oportunidade. Desde então, eu sonhava em conhecer a Grécia e praticar meu grego moderno (atualmente faço aulas por Skype com um professor que morou 10 anos na lá). Dez anos depois, depois de muito sonhar e um ano e meio programando, achei que era hora de ir. Tendo isso em mente, chegou a hora de começar a listar tudo aquilo que será gasto e que é necessário. Era hora de pesquisar!

Acho que o trabalho de um Agente de Viagens é fantástico: ele pensa por você as melhores opções, locomoções, hospedagens e imprevistos… Acho um trabalho incrível que tem seu custo e, como eu não posso arcar, planejo tudo sozinha mesmo, seja viagem nacional ou internacional. A única vez que viajei por agência foi ótimo (fiz Cidades Históricas de Minas Gerais pela CVC: quem se interessar, deixo o link aqui) e, graças a Deus, consegui pagar em 6 vezes. Dessa vez, fiz pesquisa e encontrei pacote de quase 7 mil euros. Pacote ótimo (a excursão de junho inclui a cidade de Olímpia, que era meu sonho conhecer: pacote disponível aqui, e o pacote sem a cidade de Olímpia, que ocorrerá em novembro de 2019, pacote disponível aqui), mas eu não posso pagar. Conheço o trabalho dos dois anfitriões e são ótimos (até encontrei o grupo da Cristina em Olímpia!!!), mas o valor é inviável para mim.

Passamos, então para a segunda fase: O que ver? Por onde andar?
Clicando no mapa, é possível ver fotos que foram tiradas nas cidades.

Cidades efetivamente visitadas na Grécia em Junho de 2019: Delfos, Aráchova, Corinto (canal e sítio arqueológico), Náfplio, Epidauro (sítio arqueológico), Esparta, Mystras, Olímpia (sítio arqueológico). As ilhas de Mykonos e Delos.

Diferentemente do que as pessoas normalmente fazem, eu primeiro estipulei quantos dias ficaria na Grécia e, depois, estipulei os lugares que gostaria de visitar. O planejamento inicial foi muito diferente do real. Inicialmente, planejei estas cidades:

Primeiramente, foram estas cidades planejadas: Atenas (sítios arqueológicos), Tebas, Salamina (ilha), Corinto (canal, sítio arqueológico e Acrocorinto), Argos (sítio arqueológico), Epidauro (sítio arqueológico), Hidra (ilha), Esparta, Kalamata e Olímpia (sítio arqueológico).

Algumas cidades eu mantive e consegui efetivamente visitar: Corinto (canal e sítio arqueológico), Atenas (sítios arqueológicos), Epidauro (sítio arqueológico), Esparta e Olímpia (antiga Olímpia). Outras foram inseridas ao longo do tempo, já que, eu gostaria mesmo de passar o dia do meu aniversário em uma ilha (escolhi Mykonos), de lá, seria impossível não conhecer Delos.

Fiz também cartões com todas as cidades que seriam visitadas, contendo: a cidade, o que seria visitado, o valor de cada sítio (eu paguei metade do valor porque tenho carteirinha de estudante – Delos eu entrei de graça!), quanto eu gastaria de pedágio e combustível.

Fichas com as cidades planejadas para visitas e seus respectivos valores de gastos.

O roteiro não é estático: ao longo do tempo, foi bem trabalhado e muito mexido.

Tendo sido, escolhido previamente os lugares que seriam visitados, o próximo passo meu foi comprar a passagem. Foram meses de espera e de acompanhamento dos valores de passagem até encontrar um preço acessível. Paralelamente à pesquisa de passagem, sempre esteve a pesquisa de estadia. Mais uma vez, escolhi o Airbnb para Atenas, Booking.com para Mykonos e para Roma (pernoitamos um dia em Roma por causa da conexão do voo para o Brasil – viajamos em três mulheres, por isso o verbo aqui em primeira pessoa do plural! Todavia, eu fiz a maioria das escolhas).

Compramos a passagem (em 10 vezes pelo Decolar!) e, na mesma hora, fechamos a estadia de Atenas (segue o link do apartamento que ficamos em Atenas – clique aqui). O apartamento teve um bom preço e, como foi divido por três pessoas, não pesou muito na conta final.

Primeira etapa vencida: passagem aérea, estadia e quantos dias ficaríamos. O seguro viagem compramos depois, por meio de uma bela promoção da Allianz Travel – Mondial Assistance. O app “Melhores Destinos” sempre mostra promoções de passagens, seguro viagem e outros.

O segundo momento foi para planejar detalhes específicos: qual ilha, alugar carro e começar a pesquisar quanto um turista gasta por dia para ficar na Grécia, já que era preciso começar a comprar euro.

Comprar euro, para mim, é outra batalha de estratégia: acompanhar o valor e esperar as possíveis baixas… Para tanto, íamos guardando um pouquinho por mês e, quando desse uma baixa, era o momento de comprar (eu planejei esta viagem por um ano e meio, por isso, mediante muitas contas a se pagar, cuidar de família, aluguel, eu guardava um pouquinho mesmo por mês. Até comecei usando o desafio das 52 semanas, mas acabei abandonando porque o valor aumenta muito).

Comecei a pesquisar preços de Ferry Boat para ir até Mykonos, já que a passagem de avião saía caro para cada uma. Usamos o site Ferries.gr e encontrei um bom preço: 20 euros (ida e volta) de Atenas a Mykonos saindo do Pireus (não tinha como eu sair de outro lugar, né? O Porto grego mais importante da Antiguidade!)

Compra feita, é necessário ver estadia para Mykonos… Segue o link da estadia de lá (clique aqui). A estadia de Mykonos foi meio cara para uma noite, mas era verão e tudo nas ilhas custa mais caro mesmo.

Em Mykonos, para ir do porto novo ao porto antigo, descobri um táxi aquático, o “sea bus” (link disponível aqui). A viagem custa dois euros e leva apenas 8 minutos. É possível levar carro de Atenas para qualquer ilha com o Ferry, mas é caro. Também é possível alugar carro em Mykonos (ou qualquer ilha!), principalmente quando se vai para praias mais ao sul, mas como ficaríamos apenas uma noite, não alugamos. Pode-se, alugar moto ou quadriciclo – há muitos acidentes de quadriciclos com turistas na ilha. Por isso, não faça de suas férias uma dor de cabeça. Não alugamos nada e, como estávamos perto do centro “Mykonos Town” e Χώρα “Chora”, fizemos tudo a pé.

Estadia de Mykonos comprada, era hora de ver os procedimentos para aluguel de carro. Pesquisei bastante pela internet e verifiquei os valores possíveis. Fiz uma reserva que deu errado… Pois é, deu errado essa reserva porque quando estávamos em Atenas, esperamos pela empresa no local indicado e ninguém apareceu… Travamos uma briga, mas, a sorte, é que não pagamos o aluguel com o cartão de crédito no Brasil… Quando efetivei a reserva no site, o preço duplicou e apareceram “taxas” que não tinham aparecido anteriormente e eu cancelei… Fiz uma “pré-reserva” e deixei para pagar o aluguel em Atenas mesmo. Foi a sorte, porque a empresa não apareceu. Ainda não consegui reaver o valor da “pré-reserva”, mas estou lutando por ele (o valor é bem pouquinho, mesmo dividido por três pessoas, mas não interessa, é nosso e devemos reavê-lo!). Por isso, acabamos por alugar em Atenas mesmo e, depois de percorremos aproximadamente umas 7 agências de aluguel de carros, por final, fechamos com a Sixt mesmo. Preço honesto, atendimento bom, mas demoram bastante para devolver o reembolso (o meu reembolso só devolveu quase 30 dias depois!).

Para poder dirigir na Grécia, há locadoras que pedem a PID (Permissão Internacional para Dirigir) e outras, não. Depois de muito pesquisar, as três decidiram que seria melhor fazer a carteira… Eu precisei fazer porque eu fiz a reserva. A PID pode ser feita no Poupatempo que tenha Detran (link aqui), mas o preço é salgado (custa quase R$ 300,00!). Como estávamos com o carro pretensamente “reservado”, eu fiz por medo de perdermos a reserva por não ter a permissão. A Sixt pediu mais a habilitação brasileira, como a PID estava junto, olharam, mas, acho que não era necessária.

Essa é a PID.

Deixo aqui uma dica: carro pequeno é de bom tamanho até 4 pessoas (pegamos um considerado pequeno e era grande – pelo menos para mim!); pegue um carro à diesel (andamos 1.400 km com 90 euros, considerando que pagamos o diesel 1,43 euros em média, usamos quase 63 litros de combustível. O que dá, mais ou menos, 22 km por litro); filme e tire muitas fotos do carro na hora da retirada e na hora da entrega, por precaução; na hora de fazer o seguro do carro, os atendentes colocam bastante medo… O preço da caução sem o seguro total era de 980 euros, com o seguro total, a caução passou para 200 euros. O valor total do aluguel para 7 dias, com o seguro total ficou em 299 euros, sendo 42,71 euros por dia. Como devolvemos com dois dias de antecedência, o total ficou em 213,57 euros.

Chegou a hora da viagem!!!

Nosso voo foi pela Alitália, na ida, tivemos uma parada de 9 horas. O que fizemos? Fomos conhecer o Vaticano (nossa escolha estava entre o Vaticano e o Coliseu. Como uma das meninas queria muito ir ao Vaticano, fomos para lá).

Pegamos um Shuttle Bus de Fiumicino até o Vaticano (eu fiz a pesquisa de preço antes: comprando ida e volta, paga-se 11 euros. Comprando por viagem, custa 6 euros cada viagem (link do serviço). O percurso leva mais ou menos 40 minutos e desce perto do Vaticano). Como o museu estava fechado (chegamos lá no domingo!), fomos conhecer a Piazza San Pietro e a Basílica. A minha maior alegria foi ver a Pietà de Michelangelo.

Finalmente, Atenas!!!

Primeiro dia na Grécia!

O avião de Roma para Atenas atrasou em uma hora porque teve problemas com documentos de passageiros… O lado bom desse atraso foi ver como são lindos os policiais da imigração de Roma.

Por isso, estava previsto para chegarmos às 0h45 em Atenas, mas acabamos chegando à 1h45. Precisávamos esperar até às 5h (hora que marquei de pegar o carro no aeroporto!), como deu errado, pegamos um táxi do aeroporto até o centro (nosso bairro lá se chamava Κουκάκι. Muito perto da Acrópole com um valor bem razoável). O preço fixo do táxi é de 38 euros (do aeroporto até o centro), o que, mais uma vez, compensava para 3 pessoas. Se fôssemos de trem, gastaríamos 10 euros cada até a Praça Sintagma, que era longe de onde era nossa estadia e nos obrigaria a pegar um metrô também; se pegássemos ônibus, precisaríamos pegar o metrô também e ainda andaríamos uns 300 metros… Quando não se tem mala, 300 metros é perto, mas com malas é ruim. Por isso, optamos pelo táxi.

A viagem do aeroporto até o centro durou uns 25 minutos, considerando que era antes das 6 da manhã. Não tinha trânsito.
(Obs:. O trânsito de Atenas é bem caótico, lembra muito o do Rio de Janeiro)

Fizemos check in e fomos procurar o carro para alugar, mas primeiro revisamos o roteiro e mudamos algumas datas para ajustar a nova logística: o lugar que alugamos não tinha estacionamento, por isso, precisamos deixar em um “parking”. A diária em um parking no centro de Atenas é de aproximadamente de 10 euros (é preciso contabilizar estacionamento nas previsões de contas e na previsão do euro). Após fecharmos com a Sixt, fomos passear pela cidade sem compromisso: conhecemos o Arco de Adriano (gratuito), fomos almoçar e andar por Plaka. Voltamos para o apartamento e fomos ao mercado fazer compras para termos café da manhã e jantar.
(Obs 1:. o valor da água em Atenas é expressivamente baixo em mercado: com 0,22 cêntimos de euro é possível comprar uma garrafa de 1,5 litro. Além do mais, todos os sítios arqueológicos tem bicas de água potável que você pode encher sua garrafinha. Obs 2:. Quando você se senta para tomar café, almoçar, tomar um lanche e jantar, todos os estabelecimentos te oferecem água).

Segundo dia na Grécia: Atenas

No segundo dia fomos conhecer o Templo de Zeus Olímpico por dentro do sítio arqueológico, andamos por Monastiraki e fui almoçar com o meu querido professor de grego Dimitris Anagnostópoulos. Depois do almoço fomos conhecer a Biblioteca de Adriano e a Ágora Romana e andar por Plaka e Monastiraki.

Deixo aqui outra dica: compramos o chip da Vodafone em uma barraquinha no Arco de Adriano. Pagamos 30 euros no total porque compramos dois “chips”: um de 10 giga que custou 10 euros e um de 20 giga que custou 20 euros. Optamos por dois porque ficamos com medo de uma ficar sem internet, já que andaríamos tanto usando o GPS e não teríamos a quem recorrer. Mas devo dizer que em 10 dias usei pouco mais de um giga: usando GPS e ficando online toda vez que saía da estadia. Por várias vezes usei as mídias sociais na rua pelo 4G sem problemas e usei bem pouco mesmo. Acho que para 10 dias um de 10G é mais do que suficiente. É possível usar na Europa toda (usei ainda na Itália sem nenhum problema!)

Terceiro dia na Grécia: Atenas/ Mykonos/ Delos/ Mykonos

O terceiro dia foi dia de acordar cedo e ir para Mykonos. Como estávamos perto de uma estação de metrô foi fácil ir até o Pireus: pegamos na estação Sygrou e fizemos baldeação na Praça Sintagma para seguirmos até a estação Pireus.

Dica: Compramos bilhete de metrô de duas viagens na máquina que tem dentro da estação mesmo. O bilhete de uma viagem custa 1,70 euros, o de duas, o valor era de 2,70 euros. Não se pode deixar nunca de validar o bilhete na entrada da estação e na saída da estação.

Comprovante da máquina e bilhete de metrô de Atenas

Chegamos à estação e fomos procurar o guichê para troca do voucher em bilhete de Ferry. O Guichê da Blue Star é super bem localizado, bem em frente à entrada do barco que sai para Mykonos, mas, dentro do pier, é preciso perguntar aos funcionários qual é o barco exatamente, já que tem um fileira de barcos da Blue Star. Passado isso, na entrada há um funcionário que olha o bilhete ou passa pelo leitor ótico. Aí é só aproveitar: o barco tem três andares para passageiros, sendo que a parte dos carros fica no subsolo, tem cafeteria, banheiros, fast food e locais no superior para ir aproveitando a vista. Há cabines e lugares simples (foi o que fomos!). Os lugares simples são chamado de “não-numerados”. Sendo assim, você pode sentar no lugar que quiser. É super confortável, é possível dormir, assistir tv ou aproveitar a viagem só olhando a vista. o Ferry que eu fui parava em três ilhas: Syros, Tinos e Mykonos. Pude presenciar o barco entrar e sair em cada píer e achei demais!
Curiosidade: eles entram de ré por causa dos carros.

Durante a viagem fiquei maravilhada com o azul do Mar Egeu… Descobri que eu não sabia o que era mesmo o azul e tantas tonalidades da cor. Fiquei encantada.

A verdadeira frase de Flávio Venturini: “Azul da Cor do Mar”!

Chegando a Mykonos, como falei anteriormente, fomos de ‘sea bus’ até o antigo Porto, em Mykonos Town. Depois fomos a pé até o hotel. Decidimos ir a pé até o hotel porque estávamos de mochilas, já que nossas malas e bagagens pesadas estavam em Atenas. Como não sabíamos o caminho, mas sabíamos que era perto, usamos o navegador que dava o caminho de carro até o hotel… Chegamos cansadas porque subimos muito, quando, na verdade era só descer… Depois que aprendemos, aproveitamos muito o que o bairro Χώρα “Chora” tinha para oferecer.

Descemos para almoçar e partirmos para Delos no último barco de ida, que sai às 17h de Mykonos e, consequentemente, último barco de volta, que sai às 19h30 de Delos. Fizemos para aproveitar o dia, já que voltaríamos para Atenas no dia seguinte às 14h (são 5 horas de viagem entre Atenas e Mykonos!). Em Mykonos Town mesmo, compramos o bilhete de barco para Delos, no site Delos Tours tem as informações e os preços. A distância entre Mykonos e Delos é de 30 minutos e pagamos 20 euros (ida e volta). O valor é caro se pensarmos que pagamos 20 euros entre Mykonos e Atenas em uma viagem de 5 horas… Mas é o único transporte para Delos, a ilha de nascimento Apolo e Ártemis.
Obs:. Prometo que farei um post para cada viagem que fizemos pela Grécia!

Por do Sol em Mykonos… Tentei não estourar o Sol na foto.

Quarto dia na Grécia: Mykonos/ Atenas

No nosso quarto dia, começamos tomando café em uma cafeteria e depois partimos para praia. Para não termos que pegar ônibus e, por eventualidade, perdermos muito tempo, decidimos ir em uma praia que é perto de onde estávamos hospedadas, chamada Megali Ammos Beach. Uma linda praia onde pudemos entrar no Mar Egeu e ver o quanto suas águas são límpidas. Depois, voltamos para o hotel, fizemos check out e fomos para Mykonos Town para pegar o ‘sea bus’ e chegar ao porto novo para pegar nosso barco de volta a Atenas.

Quinto dia na Grécia: Delfos e Αράχωβα

O quinto dia na Grécia foi dedicado a Delfos, o ομφαλός του κόσμου (o umbigo do mundo) e Aráchova. Nesta dia, também estava prevista uma visita à Tebas (Θήβα) para ver a fonte de Édipo (teoricamente o lugar que Édipo lavou as mãos depois de matar Laio), a Igreja de São Lucas Evangelista que morreu lá (é um dos lugares possíveis em que Lucas pode ter morrido!) e outras coisas. Mas, como disse, não foi possível.

Pegamos a estrada assim que pegamos o carro na Sixt. Foi quando eu, ainda não habituada com o carro, deixei morrer diversas vezes debaixo de um viaduto… Ninguém ficou buzinando, ninguém foi mal educado (mas também preciso deixar claro: os carros alugados tem uma diferença na placa, sendo assim, todos reconhecem carros alugados. E como a Grécia tem um exemplar atendimento ao turista – 10 vivas a Zeus Xénos – fomos super bem tratadas em todos os lugares ou todos os pânicos que vivemos no carro).

Estrada boa (tinha lugares com marcações até 130 km de máxima!). A minha grande surpresa é que a cada um ou dois quilômetros tinha sempre um recuo com um banheiro para parar. Sem necessidade de se parar em postos de estradas (que te, é claro e são ótimos!).

O sítio arqueológico de Delfos é lindo e o museu é incrível (preço: 12 euros a inteira e 6 euros a meia entrada que inclui o Museu. Paramos na volta em Aráchova para almoçar, mas a cidade merecia meio dia de caminhada.

Sexto dia na Grécia: Atenas

Atenas é um lugar incrivelmente maravilhoso, espetacular, cheia de coisas boas para fazer. Esse dia em Atenas foi bem cheio, com muitas coisas para fazer: começamos o dia na Acrópole (já era o quinto dia possível de uso do bilhete conjugado dos sítios arqueológicos de Atenas… Se não fôssemos nesse dia, precisaríamos comprar outro bilhete. Fique atento aos tempos de validade dos bilhetes!), depois fomos ao Museu da Acrópole (compra de bilhete separado… 5 euros a inteira e 3 euros a meia entrada). Depois do Museu, fomos almoçar em Monastiraki. Depois do almoço, fui para Ágora Antiga de Atenas, Museu da Ágora e, por fim, fiz um passeio gratuito ofertado pela Civitatis. Você paga no final do passeio ao guia o quanto você quiser (estávamos em 6 pessoas no grupo que eram de pessoas variadas do mundo e, cada um deu ao guia 5 euros). Uma observação: se você desistir do passeio por razões variadas, avise por e-mail. Quando cheguei, não encontrava o guia e fiquei perto de aglomerado de pessoas e, com impaciência na voz, escutei ele dizer… “Tinham três brasileiras no grupo, elas desmarcaram e não avisaram. Brasileiros sempre fazem isso”. Eu me adiantei e disse que minhas duas amigas não tinham comparecido, mas eu estava lá e marcava presença. Brasileiros são mal vistos mundo afora, por favor, nunca reforcem essa imagem!
O passeio é ótimo, eu recomendo fortemente!

Esse dia foi incrível, maravilhoso e muito, muito bem aproveitado!

Sétimo dia na Grécia: Corinto/ Náfplio/ Epidauro

O dia de ir para o Peloponeso começou cedinho, mas como havia um acesso fechado para pegar a estrada, demos voltas por 15 minutos antes de conseguir efetivamente sair. Era um domingo, peguei uma contramão e um grego brigou comigo. Paciência. Fomos sentido Corinto e demos aquela paradinha no canal para tirarmos a foto. Depois disso, seguimos para o sítio arqueológico para conhecer o lugar onde Paulo pregou, a cidade de Medeia, o lugar onde Édipo foi criado… A Antiga Corinto, maravilhosa em toda sua majestade. Muitas emoções lá. De Corinto, partimos para Náfplio, a primeira capital da Grécia (Atenas era cidade-estado na antiguidade, não confundir!). Lá almoçamos a deliciosa φασολάδα ou fasolada que é uma deliciosa sopa de feijão branco (se andarem pela Grécia, comam! É uma delícia!). Era para vermos a Fortaleza Palamidi e o o Castelo de Bourtzi, mas declinamos porque estávamos de caminho para Epidauro. Aquele Teatro maravilhoso me esperava e eu estava muito ansiosa.

Epidauro é uma história à parte, o teatro, o sítio, o museu… Tudo divinamente incrível e indescritível.

Oitavo dia na Grécia: Esparta/ Mystras/ Olímpia

Este era o meu dia mais esperado: dia de ir para Olímpia! Além de conhecer a Acrópole de Atenas, o meu sonho era conhecer Olímpia.

Esta viagem estava programada para o segundo dia na Grécia, mas como tivemos problemas com o aluguel do carro, acabamos por realocá-la para o oitavo dia.

Originalmente, a ida à Olímpia foi pensada como: Canal de Corinto, Antiga Corinto e Olímpia. Porém, foi realizada como: Esparta, Mystras e Olímpia. A estrada que vai sentido Esparta a partir do ístmo de Corinto é fantástica, podendo atingir a velocidade máxima de 130 km/h; de Esparta para Mystras é como se fosse uma “vicinal”, já que a distância que separam as duas cidades é de apenas 15 km; de Mystras para Olímpia a estrada já é um pouco mais sinuosa, havendo curvas que se pode fazer no máximo a 30 km/h, mas que seguramente você fará a 20 km/h, de Olímpia para Atenas, devo dizer que boa parte é “muito sinuosa mesmo!”, com momentos em que até a respiração se torna difícil por causa da tensão. Passamos por cidadezinhas em que as curvas só passavam um carro. Para tanto, contavam com um sistema de “espelhos retrovisores”, sim, igualzinho dos carros, em que se você estivesse chegando à curva, poderia ver se tinha alguém também vindo no sentido oposto. Adrenalina pura!!! Este caminho eu não estava dirigindo, mas de passageira já foi bem assustador.

Fizemos, então, o caminho de Atenas até Esparta. Lá visitamos o túmulo de Leônidas e a estátua moderna do espartano. A estátua antiga dedicada ao Rei Grego está em Termópilas… Lá mesmo! No lugar onde ocorreu a batalha dos 300 de Esparta contra o Rei Xerxes! (Batalha das Termópilas). Visitamos o Museu da Azeitona e do Azeite e depois partimos para Mystras.

Em Mystras decidimos almoçar, apesar de que pela sua importância histórica, a cidade merecia um dia de visita porque tem muitas igrejas e castelos, mas não era possível, pois o nosso destino era Olímpia.
Uma curiosidade: fomos comer em um restaurante no horário que os gregos estão tomando café (sim, eles almoçam depois das 14h!). A dona do restaurante e sua filha pouco falavam inglês, por isso, a língua de comunicação foi bem grega. Pedimos o almoço, mas não sabíamos que os pratos eram grandes. Sendo assim, quando terminamos, pedimos para que pudéssemos levar a comida para casa. A dona nos atendeu prontamente, mas, minutos depois, veio perguntar se não havíamos gostado da comida. Em grego e muito rápido, disse “Το φαγητό δεν ήταν νόστιμο;” (A comida não estava gostosa?”). Respondi que a comida estava deliciosa, mas os pratos eram muito grandes: “Το φαγητό ήταν νόστιμο, αλλά τα πιάτα είναι πολύ μεγάλα!” UFA! Ainda bem não causamos um incidente diplomático!

O pedido foi: uma salada grega, um prato sortido de frango, um cordeiro, 4 bebidas e o pão – que foi cobrado.

Depois de almoçar, era hora de pegar estrada em direção à Antiga Olímpia. A estrada variava entre muitas curvas e boas retas.

Chegamos no Sítio Arqueológico de Olímpia e paramos muito perto do Museu dos Jogos Olímpicos e, confesso, foi emocionante ver a bandeira brasileira como sede dos últimos jogos. Era chegada a hora de ver o Templo de Hera e o local onde é acesa a chama olímpica; o estádio mais famoso da antiguidade; a oficina de Fídias, o escultor mais famoso da antiguidade, dentre suas obras, têm-se: o Partenon e a estátua de Atenas, o Zeus Olímpico, do Templo de Zeus em Olímpia, dentre outras.

Nono dia na Grécia: Atenas

Planejei muitas coisas para este dia, como ir ver o por do Sol no Cabo Sounion, no Templo de Poseidon (o que não foi possível!). Ainda assim, fiz coisas muito, muito interessantes: mandei cartões postais (amo mandar cartões postais quando viajo… é quase um mantra!!!), fui ao Filopappou porque queria muito ver a Prisão de Sócrates, o Muro de Temístocles e a Pnyx. Andar a pé por Atenas era a realização de um sonho, por iso, andei a esmo: fui ao Mercado Central (Κεντρική Δημοτική Αγορά Αθήνας), Academia de Atenas, Biblioteca Nacional e vi o prédio administrativo da Universidade de Atenas (sonho em fazer um curso lá!). Não consegui ir (infelizmente!), à Academia de Platão, ao Liceu de Aristóteles e ao Lykavittos.

Décimo dia na Grécia: a hora da despedida

Foi o único dia que eu efetivamente acordei tarde, já que todos os outros eu acordei bem cedinho. Despedida dá aquela nostalgia: era hora de arrumar bem a mala, marcar a memória de tudo que foi vivido e deixar outras marcas indeléveis no coração.

Ganhei muitos gestos de carinhos gregos quando conversava em grego com os locais, ganhei olhares de carinho e respeito por desejar falar uma língua tão peculiar… Ganhei olhares de admiração quando disse que tinha estudado grego antigo na faculdade, ganhei pedidos de promessa: “Volte para estudar grego aqui! Volte para Grécia!” Muitas perguntas: “Por que você fala grego? Tem pais gregos? Não? Ah! Gosta da língua!!! Volte para ficar mais tempo com a gente!”

O acontecimento interessante do dia ficou para o momento de pegar um táxi para o aeroporto. Como os valores são fixos, parei muitos táxis até que encontrei um senhor que falou o preço real e decidimos pegar. O fato é que ele estava com uma passageira no carro. A passageira gentilmente foi para o banco da frente enquanto eu e minhas amigas ficamos no banco de trás. O motorista apenas disse: “Não se preocupe! É normal aqui pegarmos duas viagens juntas!”. O motorista levou a 1ª passageira até o destino dela, sempre conversando com a gente em inglês e perguntando o que tínhamos feito… Com ela, falava em grego (e eu entendendo quase tudo!!!). Quando ele falou para ela que tínhamos visitado tudo que turista gostava, respondi em grego para ele que ficou surpreso! “Ela entende o que a gente está falando!” Portanto, até irmos para o aeroporto, demos uma nova passeada de carro por Atenas!

Saí de Atenas com a sensação de vazio, de não ter conseguido fazer tudo, ver tudo, experienciar tudo… Mas não se dá para viver um país em 10 dias… Aperto no peito. Será que vou conseguir voltar? Foi a primeira vez que terminei uma viagem triste, nostálgica… Com a certeza de que da próxima vez farei muita coisa diferente.

Terminei essa viagem sem aquela animação de planejar outra, sem sentir a necessidade de “beber mais da cultura mundial”. Acho que terminei satisfeita com tudo que vi, chateada com o que não consegui ver e sem planos de mudar essa minha insatisfação. Gostaria de voltar, mas não saberia como… Dentro do meu coração apenas reside aquela vontade imensa de fazer o curso de grego na Universidade de Atenas ou Tessalônica… É a única coisa que ainda me faz suspirar…

Eu me sinto como se estivesse lendo o “Capítulo das Negativas” de “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (Machado sempre meu algoz!):

“Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de Dona Plácida, nem a semi-demência do Quincas Borba. Somadas umas cousas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e, conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: — Não tive filhos, não transmiti a nenhuma creatura o legado da nossa miséria.”

ASSIS, Machado de. Capítulo CLX – Das negativas. In: Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Abril Cultural, 1971.

Voltando para o Brasil

Nesse caminho de volta, teríamos, dessa vez, uma noite em Roma. Para tanto, alugamos um quarto para dormirmos perto de Fiumicino (apartamento que alugamos, clique aqui). O dono do apartamento também oferece serviço de traslado tanto para ir do aeroporto até o apartamento, quanto a volta. O valor desse traslado estava em 6 euros por pessoa para cada viagem. O fato é que ele cobra no dia da ida até o apartamento o valor do traslado de ida e volta mais o valor de 2 euros de taxa turística (paga tudo de uma vez e, no caso do traslado de volta para o aeroporto, paga antecipado).

Depois de pagarmos tudo ao dono do apartamento, saímos para procurar a praia, já que o apartamento ficava perto, mas não achamos e acabamos por desistir e ir jantar. Para jantar, procuramos um restaurante bem italiano com boa comida e boa bebida. Devo confessar que depois que comi macarrão na Itália, fiquei bem mais exigente.

O aeroporto de Roma é caótico. Chegamos 3 horas antes e embarcamos em cima da hora. Não paramos muito para fazer compras não e ainda assim ficamos bem “em cima”.

Chegamos e fomos despachar a mala. Voamos de Alitalia e o guichê era único, com mais de 30 atendentes, de todos os voos. Fiquei com medo do despacho, bati todas as fotos possíveis e imagináveis da mala, mas despachamos. Fomos para tomar um café e seguimos para o portão de embarque… Andamos e andamos e nada de chegar na imigração (para entrar na Europa, fizemos imigração na Itália). Fomos ao reembolso de taxas para passageiros não-europeus até que finalmente chegamos à imigração. Era um “mar de gente!” (um mar mesmo, devia ter umas trezentas pessoas na fila!). Esperamos de 30 a 35 minutos para finalmente podermos embarcar.
Dica: vai fazer conexão em Fiumiccino? Chegue 4 horas antes e vá direto para o embarque!

Dicas finais!

Viaje! Viaje sempre!!! Descubra lugares, cheiros, culturas… Conheça outras formas de pensar.

Prepare-se, programe-se. Estude o lugar que quer visitar. Pesquise. Entre em grupos do Facebook, faça perguntas para quem já foi. Pesquise sempre.
Para viajar, não se esqueça:

Boa viagem!!!

Acompanhe os mapas de fotos dessa viagem!!!

Publicado por

Patrícia Borges

Doutoranda e Mestre em Linguística pela Unicamp, Bacharel em Letras (Português e Grego Antigo) pela USP

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